nunca se sabe o que nos pode passar pela cabeça

Vivo a procurar saber se estou vivo, se estou a sonhar, se vivo sonhando, ou se sonho vivendo. Não agito os comuns problemas existenciais do amor e da morte, apenas me coloco, sempre que posso, no lugar de observador. E, de certa maneira, sou quase feliz porque não pretendo sê-lo de qualquer maneira.
António José Costa Carneiro | Cria o teu cartão de visita

22/04/10

Há para aí muita gente que tem uma ideia errada do que é a democracia.


Por definição a democracia é o sistema político em que o poder não é detido por um soberano qualquer (rei, imperador, etc.) ou por uma elite, mas sim pelo povo, pelos cidadãos. 

Aqui é que a porca começa a torcer o rabo. 

O sistema dito democrático que vigora actualmente entre nós é comummente referido como uma “democracia representativa” que quer indicar um sistema em que os cidadãos delegam num número restrito de cidadãos o seu poder de decisão. É necessário assegurar que esta delegação de poderes se processe em eleições livres.
Antigamente, ou melhor, antes do 25 de Abril, eu ainda me lembro, também havia eleições, mas não eram livres, pois um determinado senhor, Sua Excelência o Senhor Ditador, era quem dizia aos eleitores, por ele escolhidos, em quem é que eles haviam de votar. 
Passou-se esse tempo e após a revolução dos cravos de Abril, alguém fez uma constituição para a neófita democracia que de democrática não tinha e não tem nada, uma vez que, incompreensivelmente, nem sequer foi plebiscitada. Talvez achassem que o povo era em geral analfabeto demais, para perceber os artigos de tão elevada sapiência. (teríamos de esperar dezenas de anos pelas “Novas Oportunidades” para mudar as estatísticas de iliteracia. 
É por causa desse documento que hoje temos um sistema em que meia dúzia de galifões, manda-chuvas dos partidos, é que escolhem em quem é que os cidadãos hão-de votar para os representar, governar e legislar em nome de todos. 
O cidadão apenas escolhe um partido que por sua vez apresenta listas para exercer o poder em nome do cidadão. Se eventualmente o cidadão quiser concorrer a um desses lugares de poder, não lhe é permitido fazê-lo, não tem essa liberdade. E nos partidos as listas são cuidadosamente elaboradas de modo a garantir a quem lhes interessa os lugares elegíveis para os primeiros do rol. 

Não será tudo isto, o mecanismo das eleições, muito parecido com o método da ditadura? 

Acho muito perigosa a semelhança. 

Não será que esta democracia é a melhor maneira de manter o povo caladinho de modo a que as sanguessugas que estão no poder possam chupar os ossinhos ao povo de forma tranquila? 

Não sou entendido em ciência política mas creio que não é preciso saber muito para perceber que andamos todos manobradinhos, a pão e circo, futebóis e tretas, com esta democracia partidocrática que nos conduz, há mais de trinta anos, de crise em crise (que afinal é sempre aguentada pelos mesmos, ou seja pelo povo) e quando dermos fé já nem teremos tutano nos ossos. 

Já não acredito em revoluções (pelos vistos são filicidas,  comem os próprios filhos) e por isso ando a pensar em que seria muito oportuno que surgisse, com a ajuda das novas tecnologias, um movimento pacífico de cidadãos que tomasse medidas inteligentes, justas e democráticas (escolhidas por sistemas a criar que possibilitassem uma directa participação de todos na escolha dos governantes, etc e tal) de modo a correr com essa gangada toda da cena ao som do grito libertário: “Idebus fudere carago!”


aj carneiro

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