nunca se sabe o que nos pode passar pela cabeça

Vivo a procurar saber se estou vivo, se estou a sonhar, se vivo sonhando, ou se sonho vivendo. Não agito os comuns problemas existenciais do amor e da morte, apenas me coloco, sempre que posso, no lugar de observador. E, de certa maneira, sou quase feliz porque não pretendo sê-lo de qualquer maneira.
António José Costa Carneiro | Cria o teu cartão de visita

21/04/10

dia de chuva



Havia algum tempo que se cruzavam com frequência no parque. Ela a cavalo e ele em corrida de manutenção. Trocavam apenas olhares, a cada dia mais cúmplices.
Naquele dia, apesar da chuva, sem motivo aparente, pararam pela primeira vez e iniciaram uma conversa banal sobre o tempo.
Poucos minutos depois, ela guiou-o até uma velha torre medieval remodelada para habitação, junto a um lago na periferia do parque.
Ondulante e tentadora desenhou-lhe o caminho a seguir, desde a porta de entrada até ao quarto, com todas as peças de roupa que ia largando uma a uma pelo chão.
Ele perseguiu-a a curta distância, predador irracional encantado pelo comportamento provocante da presa.
O que é que acontece se eu também me despir?
Digo-te o meu nome no fim.
Linhas de suor escorriam brilhantes pelo corpo fumegante enquanto tirava a roupa.
Viu que ela se auto acariciava na cama e se contorcia em desejo.
Deitou-se sobre ela lentamente. Entregaram-se voluptuosamente.
Trovejava. Não ouviram nada. 
Já estava vestido para ir embora mas ainda lhe beijava e sugava sem pressa os dedos dos pés.
Meu nome é Linda.
Olhou-a com ternura, sorriu, depositou um beijo nos dedos da mão e lançou-lho com um sopro.
Eu já sabia.

aj carneiro

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