nunca se sabe o que nos pode passar pela cabeça

Vivo a procurar saber se estou vivo, se estou a sonhar, se vivo sonhando, ou se sonho vivendo. Não agito os comuns problemas existenciais do amor e da morte, apenas me coloco, sempre que posso, no lugar de observador. E, de certa maneira, sou quase feliz porque não pretendo sê-lo de qualquer maneira.
António José Costa Carneiro | Cria o teu cartão de visita

30/07/10

Ao António Feio que partiu. Até logo!

Máquina do Tempo


O universo é feito essencialmente de coisa nenhuma
Intervalos, distâncias, buracos, porosidade etérea.
Espaço vazio, em suma.
O resto, é a matéria.

Daí, que este arrepio,
Este chamá-lo e tê-lo, erguê-lo e defrontá-lo,
esta fresta de nada aberta ao vazio,
deve ser um intervalo.



António Gedeão

27/07/10

Amizade

Abre-se-nos o rosto num sorriso, fugimos de manhã em manhã.

aj c 

Esboço de identidade

foto aj c


Eu me analiso e me escarneço
quando saio de mim pelos olhos.
Torno-me transparente à dor
quando ponho de lado as amarras vãs.
Viro-me do avesso do sangue
quando fujo dos sonhos sem peso.
Depois, enquanto tacteio a pele
e inflamo as feridas do corpo e da alma, 
 Eu iludo a morte quando me exilo no amor.

aj c

25/07/10

U2 - With Or Without You


With, without, you
Nothing, left, to lose
you, give, away



Vitorino - Menina Que Estas À Janela (Videoclip)

Os olhos requerem olhos....os meus requerem os teus....e porque está muito calor eu requeiro ouvir, à fresca de uma sombrinha, o Vitorino a cantar


24/07/10

Now and Then


Sometimes the hole
You left hurts my heart
So bad it cuts through
The deepest parts of me
And fills up my mouth

With words that I cry
How I'm still trying
To stay inside?


Hearts break
And hearts wait
To make us
Grow from dust
Then our eyes cry
And souls sigh
So that we know
That it hurts
Our hearts break
And hearts wait
To make us
Grow from dust
Then our eyes cry
And souls sigh
So that we know
That it hurts



Every now and then
My memories ache
With the empty ideas
Of the ones we'd made
But as time goes on
and my age gets older
I love the ones I know
They're enough
To picture the rain



You know
When to make me
I might
Just your heal. 

23/07/10

Troubled Water

"Perdoa-me. Não são todas as coisas parte do plano de Deus? O mal também." Valeu a pena ver este filme. Revi nele a ideia que já tinha de que afinal o sentimento de culpa e a capacidade de perdão dependem da profundidade humana de cada um.

Andrew Bird on Letterman "plasticities" a cantar como um passarinho...vale a pena conhecer

21/07/10

O que podes é abrir a pureza e ver que meu olhar de flores povoaste


foto aj c

Things we must not forget



Do Not Forget....a vida é assim mesmo...nós dámo-nos por inteiro a um sonho e recebemos em troca, mais cedo ou mais tarde, o esquecimento do que demos, do que fomos e do que somos. Ficamos depois a apanhar os cacos da nossa ilusão torturados pelo arrependimento e/ou frustração.


aj c

Tu, Eu, Nós e o Amor

Ela: O nosso amor acabou!

Ele: O quê? Quem disse que o nosso amor acabou?

Ela: Digo-te eu.

Ele: E quem te disse a ti que o amor acaba?

Ela: Ninguém. Então tu não vês que o nosso amor acabou?

Ele: Eu não. Repara bem em ti e depois em mim.

Ela: E depois?

Ele: O que vês?

Ela: Vejo Tu e eu, nada de especial. Porquê?

Ele: Por nada. Afinal é mesmo verdade que o nosso amor acabou!

Ela: Ai é? como assim?

Ele: É. Acabou porque só eu é que vejo o Nós!


aj c

19/07/10

O grande desafio não é sermos subversivos mas sim subversores.

retirado o programa de rádio "Dias do Avesso"

Mais um, como quem diz Mais "One", dos U2 pois claro! nunca cansa!

Urbanidades V


foto ajc

Urbanidades IV


foto ajc

Urbanidades III


foto ajc

Urbanidades II


foto ajc

urbanidades


foto ajc

Um contra o Outro - Deolinda na onda

"As mulheres pensam numas coisas, os homens noutras. Quem disse? Não importa. As mulheres pensam em homens. Os homens pensam em mulheres. Nem todos, e de maneiras tão diferentes que não há maneira de saber como é. Não há maneira de saber como um homem pensa numa mulher, e o inverso também é verdade. Também pode haver coisas em comum. Essas não interessam mesmo nada. Só interessa o que nos separa, distingue, afasta, vai dando lentamente cabo de nós. É sempre assim? Não interessa. O que interessa é que é sempre assim comigo e, se bem que nada saiba sobre mim, sei tudo o que há a saber sobre as mulheres. Resume-se a isto: em todas, sem excepção alguma, encontram-se duas constantes: uma expectativa, que não revelam, e uma decepção, de que não se queixam. E não digo mais nada. Não é preciso."

diálogo retirado de um filme menor

"Sabes que as mulheres são uma rameiras, não sabes?
Só porque têm uma vagina e podem."

18/07/10

A Beautiful Lie

Maria João Mendes: um nome a fixar no Jazz nacional

in Cenas de gaja - " O Coração no Pipi"

"Nestes tempos em que ainda sentimos no ar o cheiro a soutiens queimados e nos incham as pernas dos líquidos retidos pela pílula, é importante perceber se o que podemos fazer é o que queremos fazer, se a facilidade do sexo nos convém e se aguentamos saber como nos deitamos e desconhecemos como nos levantamos.

O importante não é não foder. O importante é percebermos o que queremos quando fodemos. É saber se aguentamos o embate de uma foda desencontrada com as nossas expectativas mas completamente sintónica com as hormonas e a programação biológica com que nascemos e nos define como género.

Fodemos? Ou fodemo-nos?

retirado do blog Cenas de Gaja

14/07/10

Espelho

" a cama onde eu estava contigo, em frente do espelho, era de musgo no alto da montanha.
De ali inclinada, que ferocidades,que abismos contemplavas?
A tua carne tinha uma luz que encegueirava. Mas conseguindo descobrir-te o corpo, o pormenor dum seio ou dum quadril, mostrava-me lá em baixo, no inferno em que eu jazia,a tua crespa cabeça destroncada a ondular... E onde a tua boca, com beijos quentes e perfeitos, era um caminho de águas e avencas, aberto ao meio do fogo..."

Edmundo Bettencourt (1899-1973)

7 segundos



o Pedro Rolo fez-me reencontrar com esta música. Agradecido.

Há noites assim


















(foto aj carneiro)

poema dito por ajc

  



Há noites que são feitas dos meus braços 
e um silêncio comum às violetas 
e há sete luas que são sete traços 
de sete noites que nunca foram feitas 

Há noites que levamos à cintura 
como um cinto de grandes borboletas 
E um risco a sangue na nossa carne escura 
de uma espada à bainha de um cometa 

Há noites que nos deixam para trás 
enrolados no nosso desencanto 
e cisnes brancos que só são iguais 
à mais longínqua onda de seu canto 

Há noites que nos levam para onde 
o fantasma de nós fica mais perto: 
e é sempre a nossa voz que nos responde 
e só o nosso nome estava certo.

Há noites que são lírios e são feras
E a nossa exactidão de rosa vil
Reconcilia no frio das esferas
Os astros que se olham de perfil

Natália Correia

10/07/10

pela verdade

Sócrates condenado à morte pelo povo de Atenas, prepara-se para beber uma taça de cicuta, rodeado pelos seus amigos. Na primavera de 399 a.C. puseram o filósofo na justiça. Acusaram-no de se negar a adorar os deuses da cidade, de ter novas ideias religiosas e de corromper a juventude de Atenas – de tal modo agravaram a acusação que foi pedida para ele a pena de morte.

Sócrates respondeu com o seu carácter forte. Embora lhe fosse concedida uma oportunidade de renunciar em tribunal à sua filosofia e assim salvar-se, no entanto escolheu aquilo que ele acreditava ser a verdade em vez de escolher aquilo que outros queriam.


E assim o levaram para uma prisão ateniense, tendo a sua morte ficado marcada na história da humanidade.


Ele só tinha 38 anos.


O povo, com a sua sabedoria infinita, costuma dizer que mais vale um covarde vivo do que um herói morto. Pelo que se sabe o ateniense não concordava com o ditado.


Quantos livros de ideias suas a humanidade perdeu por  ele ser íntegro e morrer tão novo?
Não custa admitir que o mundo de hoje seria muito diferente do que é se pelo menos ele defendesse a própria vida fingindo renegar a sua verdade. O problema que se levanta é que se a história fosse diferente e ele tivesse aceitado a oportunidade que lhe deram para se salvar, tornando-se assim num covarde sobrevivente também, nesse caso, toda a evolução da humanidade teria sido outra a partir daí e eu, por exemplo, não estaria aqui hoje a falar disto.


Vá-se lá saber quantas possibilidades de civilização podiam existir para o "hoje" se cada um dos homens notáveis ao longo dos séculos tivessem escolhido, nos momentos cruciais, as opções opostas daquelas que tomaram.


Também imagino Sócrates, nos dias que correm, a pensar no que fazer perante uma cena idêntica de tribunal. (Claro que não estou a esquecer que a sociedade actual seria diferente se o filósofo não tivesse existido na antiguidade para estar hoje em tribunal, mas o exercício da imaginação tem a liberdade total, esqueçamos por agora esse pormenor)


Eu, se estivesse ao lado dele numa situação dessas, pedir-lhe-ia que se lembrasse do ditado popular do herói morto e escolhesse a vida porque enquanto há vida há também a esperança de a verdade poder se levantar do chão em que a derrubaram.


"Eppur si muove" - quando assim falou Galileu, uns séculos mais tarde, numa situação parecida, teve uma atitude diferente da de Sócrates.


aj carneiro

09/07/10

também gosto



O devida comédia gosta desta pérola e eu também! Obrigado pela sugestão Miguel Carvalho.






















foto aj carneiro

Love will tear us apart



há musicas e artistas que fazem parte daquilo que somos e, ou fomos. Além disso, nós também somos a soma das escolhas que fazemos, por isso
tenho de relevar este post do Obvious sobre Ian Curtis.

sobre liberdade

"Só mais uma palavra em relação à liberdade de expressão e a quem acha que tudo pode ser dito, tudo pode ser feito, ou aqui d'el rei que isso é censura. Liberdade é precisamente o contrário disso que pensam: é não fazer tudo, não dizer tudo só porque se pode. O exercício da liberdade devia começar por uma espécie de auto-censura. Assim não sendo, não é verdadeira liberdade, porque fica tolhida logo a montante e sai desembestada em relação a quem se atravesse. Isso é mais libertinagem.
Subscrevo inteiramente o que foi plantado pelo Rogério da Costa Pereira no blog Jugular.

Much water runs by the mill that the miller knows not of.

08/07/10

faz hoje 17 anos que o mundo ficou diferente

Não posso deixar terminar este dia tão especial sem escrever sobre o que significa para mim a tua entrada na minha vida há dezassete anos.

Bem, digo-te logo que, por mais que escolha as palavras, não encontrarei nenhuma que sirva completamente o meu propósito, nem sequer de maneira aproximada, uma vez que tu és inclassificável por uma razão composta:  és única e insubstituível.
A verdade é que eu não seria o mesmo se não te tivesse conhecido e amado logo tanto desde o primeiro pensamento em ti.

No fundo da nossa história comum ficará sempre a marca da minha escolha. Muito desejada, tu foste uma decisão consciente e perfeita entre uma enorme quantidade de erros no meu percurso neste planeta. Tenho a certeza de que pelo menos uma coisa fiz de acertado quando planeei esta aventura contigo. Não duvides disto: a vida, por si só, já é uma aventura quanto mais se lhe juntarmos as complicações do Amor, seja ele de que tipo for.

Hoje penso que foi exactamente assim, tal como tu és hoje, que eu te idealizei, mesmo antes de tu cresceres para mim e te transformares numa mulher linda, sensível e inteligente de quem eu muito me orgulho.

Não quero melodramatizar, e por isso termino reafirmando a minha felicidade e privilégio pela nossa ligação humana e o meu eterno amor por ti, bem como, desejar-te que continues a crescer para o mundo ao caminhar na direcção dos teus maiores sonhos até que os vejas realizados.

Amo-te

Parabéns!

O esplendor ao sol de uma jarra azul com flores um instante antes de o vento a derrubar e de se estatelar no solo feita em cacos.




















foto aj carneiro

Flor a flor procuro a possibilidade líquida do Amor que marca a vida com a luz intensa das manhãs.

foto aj carneiro

03/07/10

Primavera do teu corpo

A cada gesto teu eu vejo
uma flor a nascer-te dos olhos
outras a crescer das curvas do corpo
onde as rosas têm a cor do desejo


Quero pôr nelas a minha boca
tocá-las com a bondade do Sol
estender-me no teu leito de pétalas
adormecer no perfume do teu amor


A cada gesto teu lembras-me
paisagens com águas cristalinas
sombras puras, pássaros a cantar
nos dias de Primavera memoráveis


Não sei como floresceste
Com o ventre cheio de mel
mas deve haver uma explicação
nas asas das andorinhas dos meus sonhos.

aj carneiro