nunca se sabe o que nos pode passar pela cabeça

Vivo a procurar saber se estou vivo, se estou a sonhar, se vivo sonhando, ou se sonho vivendo. Não agito os comuns problemas existenciais do amor e da morte, apenas me coloco, sempre que posso, no lugar de observador. E, de certa maneira, sou quase feliz porque não pretendo sê-lo de qualquer maneira.
António José Costa Carneiro | Cria o teu cartão de visita

29/07/08

Apetece-me escrever as palavras todas



















Ausentaste-me. 

Apetece-me escrever as palavras todas, mas sei que silenciamos os mundos entre nós. 

Penso no nosso primeiro beijo e atravesso todos os beijos até ao limite da sombra dos lençóis enrodilhados nas tuas pernas na última vez que estivemos juntos numa cama. 

É magoado o ar que respiro quando estou fora de ti. Lembro-me como já fomos inteiros juntos, como ardíamos até à exaustão dos venenos enquanto me abrias o teu corpo, e fundíamos as línguas no interior das nossas bocas dissolventes. 

Eu sei que as estrelas, testemunhas passivas da nossa paixão, cintilam agora, o silêncio da minha solidão que me queima os anos. 

Eu sei que as árvores por onde os nossos corpos transpirados se abeiraram em amor esperam pelos incêndios que um dia as reduzirão a cinzas sem memória. Mas sei, também, que todas as vezes que te disse "AMO-TE" foi dito como nunca o havia sido por alguém e sempre te direi de modo igual enquanto os silêncios forem maiores do que a tua ausência.

aj carneiro



foto de Caamano Castro

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