Ausentaste-me.
Apetece-me escrever as palavras todas, mas sei que silenciamos os mundos entre nós.
Penso no nosso primeiro beijo e atravesso todos os beijos até ao limite da sombra dos lençóis enrodilhados nas tuas pernas na última vez que estivemos juntos numa cama.
É magoado o ar que respiro quando estou fora de ti. Lembro-me como já fomos inteiros juntos, como ardíamos até à exaustão dos venenos enquanto me abrias o teu corpo, e fundíamos as línguas no interior das nossas bocas dissolventes.
Eu sei que as estrelas, testemunhas passivas da nossa paixão, cintilam agora, o silêncio da minha solidão que me queima os anos.
Eu sei que as árvores por onde os nossos corpos transpirados se abeiraram em amor esperam pelos incêndios que um dia as reduzirão a cinzas sem memória. Mas sei, também, que todas as vezes que te disse "AMO-TE" foi dito como nunca o havia sido por alguém e sempre te direi de modo igual enquanto os silêncios forem maiores do que a tua ausência.
aj carneiro
foto de Caamano Castro
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