Há uma mulher que me procura no espírito das horas lunares
que me atira o olhar como um beijo entre os lábios
que me estende os cabelos para eu atravessar o abismo,
expõe o seu coração de fêmea para a inclinação do meu sangue.
Preparo o ventre para beber dela toda a ternura,
Sofro da fadiga de uma viagem atormentada por silêncios.
Eu quero e não quero vê-la para lá do seu perfume
porque ela é tangível como uma fonte de água fresca
porque ainda me prendo na distância de outro sol.
Há uma mulher que é como um pássaro que me tranquiliza
quando a toco na noite que nos cede o instinto
com as palavras que lhe caminham sobre a sua vulva.
Ela anseia pelas sílabas da minha solidão amargurada,
e felina, aguarda pacientemente por meu sexo ferido
apertando as suas coxas no contorno do fogo.
Há uma mulher praia de areia fina e seixos rolados
e eu na onda da madrugada já demoro de encontro a ela.
AJ Carneiro
foto retirada do Google
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