nunca se sabe o que nos pode passar pela cabeça

Vivo a procurar saber se estou vivo, se estou a sonhar, se vivo sonhando, ou se sonho vivendo. Não agito os comuns problemas existenciais do amor e da morte, apenas me coloco, sempre que posso, no lugar de observador. E, de certa maneira, sou quase feliz porque não pretendo sê-lo de qualquer maneira.
António José Costa Carneiro | Cria o teu cartão de visita

09/02/10

Hà uma mulher que me procura no espírito das horas lunares




Há uma mulher que me procura no espírito das horas lunares
que me atira o olhar como um beijo entre os lábios
que me estende os cabelos para eu atravessar o abismo,
expõe o seu coração de fêmea para a inclinação do meu sangue.

Preparo o ventre para beber dela toda a ternura,
Sofro da fadiga de uma viagem atormentada por silêncios.

Eu quero e não quero vê-la para lá do seu perfume
porque ela é tangível como uma fonte de água fresca
porque ainda me prendo na distância de outro sol.

Há uma mulher que é como um pássaro que me tranquiliza
quando a toco na noite que nos cede o instinto
com as palavras que lhe caminham sobre a sua vulva.
Ela anseia pelas sílabas da minha solidão amargurada,
e felina, aguarda pacientemente por meu sexo ferido
apertando as suas coxas no contorno do fogo.

Há uma mulher praia de areia fina e seixos rolados
e eu na onda da madrugada já demoro de encontro a ela.


AJ Carneiro

foto retirada do Google

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