nunca se sabe o que nos pode passar pela cabeça

Vivo a procurar saber se estou vivo, se estou a sonhar, se vivo sonhando, ou se sonho vivendo. Não agito os comuns problemas existenciais do amor e da morte, apenas me coloco, sempre que posso, no lugar de observador. E, de certa maneira, sou quase feliz porque não pretendo sê-lo de qualquer maneira.
António José Costa Carneiro | Cria o teu cartão de visita

17/03/10

O Primeiro Ministro egoísta



O Primeiro Ministro era um herói nacional pelo seu sucesso tanto como homem de estado quanto como líder militar. Mas a despeito de sua fama, poder e riqueza, ele se considerava um homem humilde. Frequentemente ele visitava seu mestre favorito para estudar com ele, e eles pareciam se dar muito bem. O fato de que ele era primeiro ministro aparentemente não tinha efeito em sua relação, que parecia ser simplesmente a de um reverendo mestre e seu respeitoso estudante.
Um dia, durante sua visita usual, o Primeiro Ministro perguntou ao mestre, "Mestre, o que é o egoísmo?"
O rosto do mestre ficou vermelho, e num tom de voz extremamente desdenhoso e insultuoso ele gritou em resposta:
"Que tipo de pergunta estúpida é esta?!?"
Tal resposta tão inesperada chocou tanto o Primeiro Ministro que este tornou-se imediatamente arrogante e com raiva:
"Como ousa me tratar assim?"
Neste momento o mestre Zen sorriu e disse:

"ISTO, Sua Excelência, é egoísmo..."

10/03/10

Aqui está a minha vida

Aqui está a minha vida.
Esta areia tão clara com desenhos de andar
dedicados ao vento.
Aqui está a minha voz,
esta concha vazia, sombra de som
curtindo seu próprio lamento.
Aqui está minha dor,
este coral quebrado,
sobrevivendo ao seu patético momento.
Aqui está a minha herança,
este mar solitário
que de um lado era amor e, de outro, esquecimento.


Cecília Meireles 

09/03/10

Gaiolas de vidro. Nós somos quem somos. Mas o que nos distingue são os nossos unicórnios.



Como paredes
através das quais
o mundo vemos pelo ser dos outros
quem vamos conhecendo nos rodeia
multiplicando as faces da gaiola
de que se tece em volta a nossa vida.

No espaço dentro (mas que não depende
do número de faces ou distância entre elas)
nós somos quem somos: só distintos
de cada um dos outros, para quem
apenas somos a face em muitas,
pelo que em nós se torna, além do espaço,
uma visão de espelhos transparentes.

Mas o que nos distingue não existe.





Jorge de Sena

Imagem retirada do Google

07/03/10

Olá



















Confesso que durante muito tempo pensei que havia muita coisa na vida que durava para sempre, tais como os pais, os amigos, o amor e por aí fora, mas, com bastante dor, descobri com o tempo que não é bem assim.

Na vida, tudo passa, tudo muda. As pessoas chegam e partem, as dores marcam-nos e atenuam-se, o medo paralisa-nos e desaparece, a desilusão instala-se e dá lugar ao sonho, as lágrimas caem e secam-se com sorrisos, a solidão é preenchida com amigos que chegam e um dia partem também.

Amores, mais cedo ou mais tarde acabam, mesmo contra nossa vontade, não podemos fazer nada para confirmar se afinal podem durar para sempre.

E depois, o que fica?

O que nos resta são apenas as memórias dos factos consumados, boas ou más.

Somos sobretudo seres solitários que caminham temporariamente acompanhados. Ficam-nos os sinais de quem nos acompanhou por breves etapas e que num certo instante, quase sempre inesperado, tomou outra direcção e desapareceu do nosso alcance. 

A lei é simples: vão uns e vêm outros. A um amor perdido, segue-se uma nova paixão.

Perdemos sempre um pouco de nós em cada partida, em cada mudança, no fim de um enamoramento, mas ganhamos um pouco também de quem parte. É assim mesmo.

Custa a enfrentar esta realidade, ver partir alguém para nunca mais voltar. Nem sequer é bom pensar nas situações de partida provocadas pela morte de pessoas que amamos muito.

Amores e amigos, vêm e vão e ao passarem pelo nosso espírito ganham raízes que duram para toda a nossa existência mesmo que o acaso nos separe definitivamente.

Somos viajantes do tempo e do espaço e os outros seres que encontramos são breves companheiros de jornada. Devemos aprender a desfrutar da sua companhia enquanto podemos porque raros são os regressos e quando acontecem, nada será igual ao que já foi.

Adeus Amor de algum dia.....Olá nova eterna paixão!

aj carneiro

02/03/10

A pedra na mão

O mestre joalheiro, como primeira lição, meteu na mão do discipulo, uma pedra de jade e disse:

- Conserva a tua mão assim fechada por um ano.Adeus
E mandou-o embora

Quando chegou o momento,o aluno voltou ao mestre, abriu a mão e deu-lhe a pedra.
- E agora que devo fazer?
O mestre respondeu:

-Vou-te meter outra pedra na mão e tu vais guardá-la durante um ano.
-mais um ano? porquê esta ordem absurda, velho idiota?

Enquanto protestava, o mestre meteu-lhe na mão outra pedra.

Maquinalmente, o jovem fechou a mão sobre a pedra e exclamou de repente:

Mas esta pedra não é jade!